sábado, 8 de dezembro de 2007

Um conceito sobre Tim

De Bruno Vaks


Todo diretor de cinema tem seu método de trabalho e tem suas características que marcam suas historias. Não digo historia pessoal, mas a historia de seus trabalhos. É sabido que David Lynch tem em seus filmes conceitos inquestionáveis de desentendimento. Explico melhor, toda vez que assisto a um novo filme dele, saio mais confuso do que antes de assistir. Acho que seus filmes tem um milhão de possibilidades, uma perfeita analise combinatória de difusas idéias. Já Stanley Kubrick preza pela estranheza e pelo fato que seus filmes incomodam de alguma maneira.

Ainda tem um punhado de “gênios” por ai que não irei citar. Cada um com sua forma de realizar um trabalho. Para alguns críticos incomoda o fato de eles não quererem se reinventar, criar coisas novas, ousar. Mas se o time está bom porque mudar? Outros muitos se indagam. Chego nessa questão cruel que ambos se perguntam. Apesar dessas circunstancias, pude chegar num patamar interessante sobre o trabalho de Tim Burton. Conhecida figura emblemática do mundo hollywoodiano, confesso que a cada filme que vejo dirigido por ele, gosto mais de sua pessoa.

Alguém vai logo, dizer, que o filme do Batman dirigido por ele é horroroso. Concordo! Então falaremos dos outros. Desde que liguei o nome à obra (isso foi em Edward Mãos de Tesoura), me pego enfeitiçado pelos filmes. Ao mesmo tempo, me passam uma problemática sombria sobre a vida, com ferramentas tipicamente iluminadas. Explico melhor ainda, a musica que é uma marca registrada de seus projetos, são sempre tristes, soturnas, com uma melancolia latente. Seus personagens são sempre atormentados, tímidos, pálidos, sempre secundários na sociedade. Suas heroínas não são as mais famosas da escola, as mais lindas da cidade ou a preferida dos homens. São mulheres normais, cheias de sonhos que vêem na melancolia alheia, um modo sensível de se enxergar a vida. Pelos os olhos dos outros. Sempre o ser amado.

Por esses dias, vi a Noiva Cadáver. Filme desenho que ainda não tinha assistido e achei impressionante. A melancolia se misturou com uma alegria que vi em poucos desenhos. Um desenho feito para crianças transforma o relacionamento e o conto de fadas numa questão adulta. Sempre com vilões impagáveis, situações desconfortantes, personagens bem esquisitos e o Johnny Depp, presente em 11 de 10 filmes do diretor.

Não vou contar o final do filme, mas a intersecção de uma bela musica melancólica com cenas felizes fazem qualquer um ir dormir feliz, sabendo que a beleza humana, na verdade, não é sustentada sem um olhar tímido sobre a vida.

Nenhum comentário: