Por simone Couto
Bruno Vaks falava hoje na sua última crônica postada na net sobre o grande benefício de se dizer "olá" em lugar do corriqueiro "oi". Defendia ele, o "olá" bem dito, ao se conhecer o outro.
Entre as minhas obsessões, carrego o gosto pelo saudosismo, perda, partida. Hoje pensei em todo os adeus— ditos, não ditos, dados, recebidos ao longo do meu caminho.
E se amanhã tiver eu que dizer um adeus? Como? Qual o adeus entre tantos?
“Não posso ficar nem mais um minuto com você, sinto muito amor...” Se eu perder este trem...”. Quem nunca derramou uma lágrima quando a voz falhou? Ou deu um aperto frio de mão quando o desejo era um abraço longo? Há o adeus que nunca foi dito. A estação vazia, o viajante parte—ele e a sua bagagem.
Há o adeus que já nasce na hora do encontro primeiro. Eles se conhecem, se entrelaçam, se dividem e já estão marcados com o adeus. Penso naquele dado a quem se ama antes da hora. A vida foi breve. O amor foi breve. A estrada mútua passa a ser de só um. Este eu ainda não vivi.
Macalé já dizia, “Sim, eu estou tão cansado, mas não pra dizer que eu não acredito mais em você... ” Adeus dolorido o cantado pela Gal, rasgando a alma. Este é o adeus dos amaldiçoados, dos que amam obsessivamente e não se entendem, a dor é grande demais, o cansaço é o que resta. O desejo jaz.
Há o adeus que não se quer dar, se empurra para o dia seguinte. A palavra fica ali, dissimulada, nas ligações não feitas, nas cartas não mandadas, nas horas intermináveis de espera de um sinal de vida alheio. E quando o sinal chega, é tão brando, desbotado, que o adeus já nem é necessário. O tempo se encarrega do aceno.
Para os iludidos, é necessário o adeus cara-a-cara.
Finalmente há o adeus mudo, daqueles que se calam por si mesmos em solidão plena.
Julho, 2007
quinta-feira, 26 de julho de 2007
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4 comentários:
querida, linda como disse - como você é. O adeus pra mim é sempre uma chegada. Deixamos um porto para nascer em outro. Somos feitos de pequenas mortes.
bj enorme.
ay.
aline, filósofa, como sempre sábia.
Obrigada. Um dia aprenderei olhar as minhas partidas com o rosto preparado para o prazer da chegada (mais cedo o mais tarde, há sempre uma chegada, verdade maior).
Amei seu adeus, Si. beijos
Pati, minha amiga de sempre,
adeus será uma palavra que jamais habitará entre nós duas. Amo vc.
Simone
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